No dia 22 de julho de 1935 foi pela primeira vez ao ar o programa
radiofônico idealizado por Armando Campos em 1934. Na época o rádio era o
veículo de informação por excelência num país de dimensões continentais e de
grande diversidade cultural. O nome inicial era Programa Nacional e em 1938,
passou a se chamar Hora do Brasil. A transmissão, entre 19h e 20h, era
obrigatória (desde 1939) para as emissoras brasileiras, divulgando ao vivo
discursos do presidente Getúlio Vargas, realizações do governo e notícias
políticas de interesse governamental. A partir de 1939, o programa foi controlado
pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que era responsável pela
informação e pela censura dos meios de comunicação durante a ditadura do Estado
Novo (1937-45). Num período de brasilidade e patriotismo estadonovista o
programa estava voltado à informação cívica, exaltação das virtudes nacionais e
difusão da cultura brasileira. Música popular brasileira, arte popular,
discursos educativos/voltados aos trabalhadores e divulgação turística de
regiões brasileiras era presença obrigatória no programa.
Em 1962, o programa foi
renomeado para A Voz do Brasil, denominação que permanece até o presente
e passou a incluir notícias do Poder Legislativo. Atualmente, notícias do
executivo ocupam metade do programa. Os outros 30 minutos divulgam a atuação do
legislativo e do judiciário. A obrigatoriedade de ir ao ar se mantém de segunda
a sexta-feira.
Oitenta anos se passaram desde o surgimento deste que é hoje o programa
mais antigo em atuação no rádio brasileiro e que forma uma cadeia nacional de
radiodifusão. Discussões tem sido travadas em relação a flexibilização do
horário em que vai ao ar ou até da pertinência em se manter um programa com
esta proposta.
A abertura ao som de “O Guarani” de Carlos Gomes e a frase inicial “em
Brasília 19 horas” marcaram a indústria cultural brasileira. Atualmente “O
Guarani” é tocado ao ritmo de forró e bossa-nova e a frase de abertura passou
para “sete da noite, em Brasília”. O fato é que a resistência dos meios de
comunicação para escaparem da obrigatoriedade tem aumentado nos últimos anos,
mas a classe política continua acreditando que o programa é um espaço relevante
para a divulgação dos “fazeres do executivo, legislativo e judiciário”.
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