A
imprensa literária no Rio Grande do Sul tem início com o periódico O Guaíba, lançado em Porto Alegre a 3 de
agosto de 1856, o qual perdurou, com interrupções, até 26 de dezembro de 1858. Esta
modalidade de publicação não se limita somente às atividades puramente
literárias, abordando os mais diversos assuntos, como instrução e educação,
belas-artes, história geral e particular, religião, imigração, biografia, linguística
e filosofia.
Com
o desaparecimento de O Guaíba, um
periódico voltado à divulgação literária apareceu em 1867 na cidade do Rio
Grande: Arcádia, jornal ilustrado,
literário, histórico e biográfico.
Segundo
Carlos Baumgarten (Literatura e crítica
na imprensa do Rio Grande do Sul -1868/1880. Porto Alegre: EST, 1982), a
disseminação de jornais literários e a atuação do Partenon Literário, que teve como precursores O Guaíba e Arcádia, foram
responsáveis “pela maior uniformidade de pensamento no encarar o fato
literário”. A atividade literária que se fazia no Rio Grande do Sul, “embora
estivesse enquadrada dentro dos moldes estritamente românticos, determinou um
novo posicionamento frente ao fato literário, qual seja, o do aproveitamento do
elemento regional, aspecto que possui alta significação no desenvolvimento da
literatura rio-grandense”.
Os
constantes conflitos de fronteira contra os espanhóis e missioneiros dotaram de
um perfil militar a população rio-grandense ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Os objetivos ligados a assegurar o controle do território e resistir a invasões
ou pilhagens demarcam uma sociedade que foge a um referencial de disseminação
de uma cultura letrada e de atividades artístico-literárias. A presença de
olhares europeus, no século XIX, confirmam as dificuldades em constituir uma
sociedade voltada à reprodução de valores das aristocracias europeias.
Assegurada a fronteira com os castelhanos, as discordâncias com o centralismo
da monarquia brasileira conduziram ao confronto da Revolução Farroupilha (1835-45)
com a desorganização econômica e urbana do Rio Grande do Sul. O término deste
conflito já coloca os rio-grandenses em alerta pela série de movimentos no
Prata que desencadeiam o contínuo estado de guerra entre Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai, que se estende até 1870.
Somente no
final da década de 1860 é que a Província passa a viver uma fase de tranquilidade,
que seria abalada na década de 1890 com a guerra civil, delineando-se um quadro
cultural ligado à manifestação literária. Nessa época, uma geração de
intelectuais rio-grandenses divulga seus trabalhos em periódicos locais e
organiza agremiações para o debate das orientações estéticas e literárias. O
interesse pelas ideias românticas e nacionalistas desenvolvidas no centro do
país, assim como a abertura de reflexões sobre a literatura regional e a
nacionalidade literária, estão presentes em periódicos como a folha literária Arcádia.
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