Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 24 de setembro de 2024

AS QUATRO ESTAÇÕES (1897)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1897_00009.pdf

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1897, dedicou espaço as Quatro Estações trazendo algumas informações que remetem as décadas de 1870-1890. 

O articulista do Almanak, possivelmente Alfredo Ferreira Rodrigues, considerava haver uma clara distinção entre as estações com os verões quentes com máxima de 36 graus. 

O outono era a estação mais agradável, especialmente em maio quando ocorria uma elevação da temperatura com o "veranico de Maio" (termo até hoje utilizado e que já era popular há 130 anos). 

O inverno era chuvoso e curto, raramente a temperatura chegava a zero graus. Os frios com queda de neve eram excepcionais sendo citados algumas ocorrências: um metro de neve em Bagé, Canguçu e em Piratini no ano de 1888; em 1879, nos campos de Cima da Serra teria formado 2 metros de neve e em Santo Antonio da Palmeira a temperatura chegou a 5,4 graus negativos. Porém, a maioria dos invernos seria "como bons dias do outono". 

Já a primavera "é em extremo ventosa e muito irregular. Geralmente principia muito cedo e pouco depois baixa de novo a temperatura". A afirmação final desta breve matéria do ano de 1897 é forte: a primavera "é de todas as estações a mais inconstante e a mais doentia". A afirmação, realizada a mais de cem anos, está incorreta?

Talvez ingenuamente, se constrói uma visão da primavera como sendo a estação das flores e do renascer após os meses de frio do inverno. É verdade que ocorre o florescimento das plantas/flores e teremos mais luminosidade e aquecimento. Felizmente. Porém, se olharmos para a meteorologia esta é uma das estações mais perigosas para temporais e eventos extremos. O fator principal, se deve a mudança na inclinação do eixo da terra no Equinócio de Primavera, a partir de quando as horas de sol ampliam e as horas da noite se reduzem, fazendo com que a insolação aumente gerando liberação de umidade do solo alimentando a atmosfera para chuvas intensas. As massas de ar quente vindas do norte se tornam mais potentes e encontram massas de ar frio vindas do sul: este choque brutal pode provocar tempestades severas, com ventos, granizo, chuva excessiva e até tornados e/ou microexplosões. 

Um exemplo estamos sentindo nestes dias tempestuosos em que uma onda de calor está instalada em onze estados brasileiros e uma frente fria está interagindo com esta atmosfera muito quente provocando os temporais e o excesso de chuva. O Rio Grande do Sul está numa zona de transição climática entre as massas de ar quentes (Tropicais) e as massas frias (Antártida), além de ser um caminho atmosférico (rio) por onde circulam as massas que vem da região Amazônica e Andina trazendo calor, muita umidade ou até fumaça dos incêndios. O nosso estado é uma região do planeta que se torna propícia para a eclosão de eventos extremos. Na primavera, quando as massas quentes ainda não se impuseram sobre as frias, a instabilidade atmosférica se torna mais grave. No momento, podendo se estender até quinta-feira, estamos evidenciando os fenômenos atmosféricos provocados por nossa localização geográfica. 

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