Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

292,8 mm

Nesta semana, o Arroio das Cabeças saiu do leito e cobriu parte do asfalto na Vila da Quinta. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 

O título se refere ao volume de chuva em Rio Grande entre o dia primeiro de setembro até a tarde do dia 14: 292,8 mm. A média histórica em Rio Grande é de 110 mm no mês de setembro. Porém, estamos somente na metade deste famoso mês que tem início a primavera e muita chuva vem na sequência.

Para entendermos este cenário convido os leitores para lerem a matéria publicada no facebook (https://www.facebook.com/metsulmeteorologia/?locale=pt_BR). O título é uma pergunta: "Estael Sias: até quando tanta chuva?". A matéria também foi publicada no Correio do Povo do dia 14-09-2023.



"Quase não há trégua da chuva no Rio Grande do Sul desde o começo deste mês. Antes a chuva fosse apenas um incômodo banal como não conseguir secar as roupas, mas as águas chegam com fúria, arrasam cidades, matam e destroem. Enfrentamos não apenas um período de chuva frequente, mas os volumes de precipitação são excepcionais. Os acumulados de chuva entre o dia 1º e a tarde de hoje (quarta) em estações do Instituto Nacional de Meteorologia ficaram em 416,4 mm em Caçapava do Sul, 412,2 mm em Passo Fundo, 402,2 mm em Cruz Alta, 396,2 mm em Serafina Corrêa, 345,4 mm em Santa Maria, 313,6 mm em Encruzilhada do Sul, 298,2 mm em Alegrete, 292,8 mm em Rio Grande, 286,2 mm em Cambará do Sul, 282,6 mm em Bento Gonçalves, 273,2 mm em Campo Bom, 268,6 mm em Canela e 212,2 mm em Porto Alegre (Jardim Botânico).


Atente que são volumes que passam de 300 mm em várias cidades e de 400 mm em algumas em praticamente uma semana e meia apenas. São marcas que poderia se esperar normalmente em uma estação inteira do ano e foram registradas em menos de duas semanas. A estação meteorológica de Caçapava do Sul, por exemplo, registrou 705 mm de chuva em todo o primeiro semestre, em seis meses. Só nestas primeiras duas semanas de setembro a chuva soma mais de 400 mm e não será surpresa alguma se este mês terminar na localidade do Sul gaúcho com 600 mm a 700 mm, ou seja, logo o que choveu em toda a primeira metade do ano.



Natural, assim, que as pessoas se perguntem: até quando? Não vamos ter uma trégua da chuva? Vamos seguir com este padrão de um evento extremo de chuva atrás do outro causando danos e vítimas? A resposta passa por tempo e clima, recordando que tempo é o curto prazo e clima o longo. No curto prazo, a nossa previsão do tempo na MetSul Meteorologia indica que ar mais seco começa hoje a ingressar no estado e a instabilidade vai se afastar, embora parte do dia ainda tenha chuva em algumas áreas, mas sem os volumes extremos de ontem. De sexta até domingo em algumas cidades e até a segunda na maioria dos locais, o tempo firme predomina no Rio Grande do Sul e o sol vai predominar. O domingo, inclusive, terá calor. Ocorre que na segunda o tempo volta a se instabilizar com chuva e temporais no Oeste e no Sul. No longo prazo, como temos reiteradamente alertado, com o El Niño, a chuva tende a ficar acima a muitíssimo acima do normal. São vários meses de El Niño ainda pela frente, então o que estamos experimentando agora não é temporário. Muitos eventos de chuva extrema, com enchentes e temporais frequentes ainda estão por vir nas próximas semanas e meses. O cenário para a semana que vem, para se ter ideia, que desde já se avisa, é de elevadíssimo risco novamente para a Metade Sul com risco de chuva outra vez extrema".

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