Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 9 de julho de 2021

CALMET E OS VAMPIROS

"Neste século, de uns sessenta anos para cá, na Hungria, na Moravia, na Silésia, na Polônia, uma nova cena se apresenta aos nossos olhos: vêem-se, dizem, homens mortos há anos, ou ao menos há vários meses, retornar, falar, caminhar, infestar as aldeias, maltratar os homens e os animais, sugar o sangue de seus próximos; deixá-los doentes, levando-os, por fim, à morte. (...) Dá-se a esses Regressantes o nome de Upiros, ou Vampiros, e deles contam-se particularidades tão singulares, tão detalhadas, e revestidas de circunstâncias tão prováveis e de informações tão jurídicas, que quase não se pode refutar a crença encontrada nesses países, de que esses Regressantes parecem realmente sair de seus túmulos e produzir os efeitos a eles atribuídos" (Augustin Calmet).

Edição francesa de 1751. Acervo: Biblioteca Nacional da França. 


Um dos mais renomados teólogos do século XVIII dedicou uma viagem ao Leste Europeu para pesquisar as manifestações de vampiros e sua possível veracidade. 
Pesquisou documentos oficiais, livros, manuscritos e registrou fontes orais que reproduziam lendas seculares. 
Dom Augustin Calmet (1672-1757) escreveu em 1746 uma Dissertação sobre os Regressantes em corpo, os Excomungados, os Upiros ou Vampiros, Brucolaques & c. 

Sua tentativa de desmistificação do tema visando colocar luzes nos pensamentos sobrenaturais dos moradores daquelas regiões, acabou resultando numa obra que instigou ainda mais a especulação sobre a existência de vampiros. 
O livro que ele escreveu se tornou uma fonte preciosa para a investigação de um fenômeno rústico que foi domesticado pela literatura ocidental e convertido, no século XIX, no vampirismo aristocrático de John Polidori e Bram Stoker.  

*A edição francesa do "Tratado" está completando 270 anos de publicação. Discutia-se a existência de vampiros naquele período. Enquanto a Europa Ocidental domesticava os mortos-vivos e o transmutava culturalmente, no Leste Europeu os rituais de abertura de caixões para realizar o estaqueamento e a queima do corpo -de supostos vampiros-, permaneceu em vigor e adentrou até o século XX. 

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