Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

MORT CINDER - HQ


Mort Cinder. Figura Editora, 21,5 x 29,7cm, capa dura, couchet, p&b, p. 232, 2018. Roteiro: Héctor Oesterheld; Arte: Alberto Breccia. 



Resenha da Figura Editora:

"Um clássico absoluto do quadrinho mundial publicado pela primeira vez no Brasil.

Mort Cinder é a união do roteiro potente e profundamente humano de Héctor Oesterheld com a arte ao mesmo tempo clássica e vanguardista de Alberto Breccia culminou em uma obra indispensável para todo o fã de HQ.

Ezra Winston, proprietário de um antiquário londrino, vive cercado de objetos que trazem um pedaço da história. Um dia, um relógio estilo Luís VI misteriosamente volta a funcionar, enquanto lhe chega as mãos um intrigante amuleto. Ambos serão a chave de um intrincado enigma que fará Ezra adentrar pelos sombrios subúrbios de Londres, até levá-lo ao encontro de um ser imortal: Mort Cinder, o homem das mil mortes, se erguerá uma vez mais de sua tumba. Junto ao pó de suas roupas, está todo o peso da saga humana sobre a Terra: as obras da Torre de Babel, os navios do tráfico de escravos, as trincheiras da I Guerra Mundial, a mítica batalha das Termópilas... Mort Cinder esteve em meio a tudo isso, e volta ao mundo dos vivos para contar".

“Héctor Oesterheld é o maior escritor de quadrinhos que já encontrei, porque era capaz de transformar um gag numa pequena novela. Era um mestre da narrativa." – Hugo Pratt

“A história dos quadrinhos é dividida em duas épocas: a que vem antes e a que vem depois de Alberto Breccia." – Frank Miller

Com estes comentários de Hugo Pratt e Frank Miller agucei ainda mais a leitura desta HQ que foi publicada originalmente entre 1962 e 1964 na revista argentina Misterix. 

O roteiro de Héctor Oesterheld (1919-1977) traz um clima noir, com linguagem poética e componentes mágicos. A narrativa ganha um ar sobrenatural mas embasado no epistolar, com referências a jornais e lugares "reais" de Londres. 

O personagem Mort Cinder recordas suas experiências em diferentes momentos históricos. Um dos mais interessantes foi a incursão num navio negreiro. 

Não foi uma história escrita num fôlego, mas, estendida ao longo de quase três anos, com expectativas de continuidade ou descontinuidade frente à recepção do público, interesses comerciais da editora etc. Nestas descontinuidades acabam surgindo algumas superficialidades na narrativa e algumas  soluções não tão criativas para a finalização de uma etapa da trama. Criei uma identidade maior com o antiquário Winston do que com Cinder. Claro, é uma percepção pessoal que não questiona a construção dialógica dos personagens que demonstrou um momento muito especial da produção da arte dos quadrinhos na América Latina. E os recheios poéticos de Oesterheld são um dos grandes momentos da narrativa. As referências a que os objetos do antiquário estão repletos de história e trazem a vida latente das experiências que passaram leva o leitor para uma perspectiva mágica.  
   
A arte de Alberto Breccia (1919-1993) fluiu com uma harmonia de fealdade encantadora do início ao fim. Seu traço tem elementos expressionistas e sombrios que são fundamentais para a narrativa surreal. Se fosse um espetáculo teatral, no encerramento, o público ficaria de pé para bater palmas. 

A qualidade gráfica da Figura Editora é exemplar! Pesquisei mais publicações destes editores que enfatizam HQs enquanto arte, e em breve trarei mais novidades que vão de Edgar Allan Poe a cultura samurai.   

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