Porto do Rio Grande em 1908

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domingo, 5 de abril de 2020

O VÍRUS QUE PAROU A TERRA

Guerra dos Mundos, Júlio Verne. https://upload.wikimedia.org/The_War_of_the_Worlds_by_Henrique_Alvim_Corr
     
   Como num filme de ficção científica dos anos 1950 estamos assistindo a invasão do planeta Terra.

       Diferente da expectativa de que o mal vinha de fora, neste filme real os supostos ETS são terráqueos e não gestados em outros planetas habitáveis. O tráfico internacional de animais e a intensa urbanidade somaram o potencial para sua mutação e para disseminação destes invasores de corpos. 

        Para nosso alívio: a criatividade ficcional de Richard Matheson em "Eu Sou a Lenda" ainda não se realizou e a geração zumbi de "A Noite dos Mortos Vivos"  de Romero que desembocou em "The Walking Dead" vai ter de esperar novas mutações para integralizar o seu roteiro macabro. 

      Quarentena e isolamento social são as regras ditadas por um vírus que se autocoroou e se sente majestoso no centro dos holofotes.

Inacreditavelmente, as ruas de Paris ficaram vazias. Nem Jack Estripador circularia por Londres. Cenas patéticas e icônicas: colunas de caminhões do Exército Italiano levando corpos para cremação e o papa rezando solitário junto a cruz que historicamente teria salvo a Itália de outras pestes.

      Lembro as imagens do diretor Herzog ao filmar "Nosferatu" com a peste bubônica produzindo um ritual de dezenas de esquifes sendo conduzidos pelas ruas por homens vestidos de preto. E o resto era silêncio para os moradores que observavam a cena escondidos atrás das frestas das janelas. 
Nosferatu de Werner Herzog (1979). https://media0.giphy.com/media/kqt3MZbw9pXRS/source.gif

    Antigamente, as apreensões vinham nas notícias de jornal sobre o avanço das doenças e no sobressalto dos moradores das cidades portuárias a cada chegada de um novo navio.

    Hoje com o espaço aéreo globalizado um novo vírus precisa de apenas algumas horas para iniciar sua difusão. Sua capacidade de replicação e sua letalidade ditarão o tamanho do dano provocado.

     Frente a tecnologia o planeta se tornou pequeno, uma aldeia global lotada de diversidades e desigualdades. 
     O vírus equalizou as tribos, não tem qualquer preconceito racial, étnico ou de gênero, busca as vulnerabilidades de cada corpo, aprende a mutar-se para replicar com mais perfeição, quer ser o maior serial killer de todos os tempos: se estivéssemos num filme de ficção até acreditaria que o vírus tem um objetivo maior: "ele quer fazer história"!

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