Era
sábado, dia 25 de março de 1950! Muitas pessoas observaram um Disco Voador
sobrevoando os Molhes da Barra e a Praia do Cassino, dando início a relatos
visuais que ocorreram nos dias seguintes em várias cidades brasileiras. O
Jornal pelotense Diário Popular
publicou, ainda no domingo, a matéria a seguir: “As duas notícias que iremos
transmitir são efetivamente sensacionais e dadas as suas características
passaremos apenas a enunciá-las sem o calor do comentário que tomou conta de
Rio Grande, vejamos – Às quatro horas da madrugada de hoje, foi avistada, à
beira da barra desta cidade, um disco voador, em forma de prato irradiando
forte luminosidade. Foram testemunhas, inúmeros marítimos e pescadores. Às
14h50min novamente se repetiu o caso. Centenas de populares, inclusive este correspondente,
viram o disco, a grande altura, luminoso como alumínio, que riscava o céu em
direção de Pelotas”.
De fato, o Disco Voador
sobrevoou a linha litorânea do Cassino e se precipitou ao solo a cerca de 20 km
de distância da Av. Rio Grande. O extraordinário acidente não foi seguido por
uma explosão que alertasse os moradores do Balneário, e ocorreu a poucos metros
de um Hotel, que no presente, as ruínas estão cada vez mais sendo encobertas
pelas dunas. O choque foi intenso, fez tremer as paredes do estabelecimento e
virar muitas garrafas de uísque além de esparramar cartas pelo chão. Porém,
além do esfacelamento de uma duna e uma grande quantidade de areia que ainda se
movimentava num turbilhão, nada foi observado pelos curiosos e ilícitos
freqüentadores do hotel/jogatina que se mantinham ocultos naqueles “confins do
nada quando encontra o Oceano solitário”. Por alguns minutos, os mais astutos,
chegaram a pensar na queda de um meteorito ou algum fenômeno deste porte,
porém, nada como um jogo de pôquer para desopilar as ideias inúteis. Afinal,
uruguaios e jogadores de todo o Rio Grande do Sul, adoravam este local pelo
sigilo e a paz de espírito, não estando ali para perder tempo com devaneios
astronômicos.
Porém, como se fosse uma
maldição, poucos anos após este evento, o Hotel foi definhando em freqüência
até o seu completo abandono. Desde então, as areias foram invadindo-o
continuamente e seu destino será o completo sepultamento em futuro próximo.
Estive no Hotel há 20 anos e
as estruturas ainda eram facilmente visíveis e as areias voadoras que, desde o
século XVIII, tanto atemorizavam Rio Grande, encobriam de forma agonizante toda
a estrutura. Algo me chamou a atenção na área ocupada pela antiga caixa d’água
que hoje não mais é visível: um brilho intenso de metal que reluzia ao sol e
quase cegava os olhos. Caminhei ao local e toquei no material que era
consistente e metalizado, não tendo aspecto de ferrugem e permanecendo frio com
o Sol intenso: imaginei ser algum apetrecho utilizado no bombeamento de água.
Constatei que era parte integrante de um objeto muito maior que estava
enterrado. Porém, continuar investigando as ruínas de Sodoma e Gomorra me
pareceu mais promissor e interessante do que aquele objeto, entre tantos outros
como garrafas, pratos e peças em metal.
Infelizmente pensei assim...
Há dois anos, conversei com
um senhor muito idoso que faleceu alguns dias depois. Entre suas inúmeras
reminiscências, ele quis me contar que no dia 25 de março de 1950 estava no
pátio do Hotel, fazendo um estiramento depois de longas horas de carteado,
quando um enorme disco de alumínio, provocando um intenso zumbido, se projetou
ao solo com incrível velocidade e se enterrou nas dunas a cerca de 50 metros de
onde ele estava. Ele ficou estático com a magnitude do evento e em segundos os
seus olhos foram tomados pelo turbilhão de areia, contudo, guardou por toda a
vida a lembrança daquele estranho acontecimento. Desde então ele mantivera um
silêncio sepulcral, pois, não poderia dizer aos familiares que estava neste
local onde o silêncio e a total discrição era um pacto que não podia ser
quebrado. Retornei várias vezes ao Hotel, e apesar dos esforços nada encontrei,
apenas constatei um processo cada vez mais rápido das areias encobrindo as
ruínas e perpetuando segredos que estão para “muito além da imaginação”.
No
ano de 1976, o navio Altair foi fazer companhia às ruínas misteriosas do Hotel.
Os acampamentos noturnos que passaram a ser realizados nas cercanias do navio
naufragado, propiciou o surgimento de estranhas histórias sobre luzes coloridas
que eram emitidas da direção do Hotel durante a madrugada. O estranho é que
após um clarão vindo do espaço, começava a emissão destas luzes. Mas isto é
outra história... (crônica do livro “Histórias Irreais do Rio Grande”).
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