Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quinta-feira, 13 de julho de 2017

CIDADE DO RIO GRANDE: 180 ANOS

No dia 27 de junho Rio Grande completa 180 anos de sua elevação administrativa a “cidade”. Tendo começado como uma Comandância Militar e depois Vila,  Rio Grande apresenta uma história que consiste numa longa duração temporal que ruma para três séculos. Por ter sido o primeiro povoamento luso-brasileiro, experiências sociais e políticas dos períodos colonial, imperial e republicano, muitas vezes aqui se expressaram pela primeira vez: planificação urbana, organização militar e administração civil, relações sociais, vida intelectual/artística (primeiro teatro com estrutura no Rio Grande do Sul, imprensa mais antiga do interior do Estado, primeira Biblioteca do Rio Grande do Sul etc).   
Para buscarmos uma primeira e ampla reflexão, podemos pensar este longo período de eventos históricos constituídos por práticas relativamente sólidas e duradouras. Neste sentido, podemos interpretar de 1737 até o final da década de 1780 como uma cidade voltada ao controle militar e aos confrontos com os espanhóis. A partir da década de 1790 o comércio se consolida com a exportação de charque para outros portos brasileiros. Especialmente a partir da década de 1820, o comércio de exportação e importação controlado por alemães, ingleses, franceses, portugueses vai remodelar urbanisticamente a localidade e interligar o porto do Rio Grande com os principais portos europeus, da costa leste dos Estados Unidos e do Rio da Prata. Com a Revolução Industrial, Rio Grande vai sediar em 1873 a primeira grande indústria gaúcha e que consolidará até a década de 1950, o apelido de “cidade das chaminés”. É nesta década de 1950 que a industrialização difusa regional onde não havia um mercado nacional integrado (permitindo a sobrevivência de indústrias regionais e locais) perde competitividade e provoca a falência de grande parte do empresariado que estava fora do eixo São Paulo e Rio de Janeiro. A cidade entra em fase de maior dependência dos influxos do processo industrial brasileiro e as políticas de incentivo do governo federal, como no caso da indústria pesqueira que torna Rio Grande, nas décadas de 1960-80, no maior centro pesqueiro do Brasil.
A sazonalidade dos processos econômicos de cima para baixo começa a se intensificar com a construção do Super Porto do Rio Grande na década de 1970 e a consolidação/expansão das indústrias de fertilizantes naquela área portuária. A cada mega-projeto, como o do Distrito Industrial dos anos 1970, aumenta a demanda pelos serviços urbanos e a historicamente frágil infra-estrutura de serviços entra em crise. A última demanda de cima para baixo foi o do Polo Naval que atraiu muita mão-de-obra de fora da cidade e também empregou muitos trabalhadores locais, mas que não gerou riqueza suficiente para aportes em qualidade de vida urbana deixando um rastro de problemas sociais de difícil enfrentamento e o colapso da precária estrutura viária. São desafios para as próximas décadas buscar a salubridade em meio a um caos urbano onde o poder público se apresenta cada vez mais cerceado de recursos financeiros na esfera estadual e municipal.

      

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