Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 15 de julho de 2017

AZULEJOS PORTUGUESES

Azulejos do prédio do Sobrado dos Azulejos em Rio Grande. Acervo: Luiz Henrique Torres. 


A utilização de azulejos recua ao Antigo Egito e a Mesopotâmia. Com a expansão Islâmica para o norte da África, a técnica passou a ser conhecida na Península Ibérica desde o século XIV, com a produção realizada na Espanha sob orientação de muçulmanos. Na passagem para o século XVI, o azulejo passa a ser produzido em Portugal por artesãos italianos. Os portugueses passam a exportar para os países baixos, Itália e Inglaterra. Lisboa será um centro de destaque nesta produção. Desde o século XVI o Brasil passa a consumir azulejos portugueses num mercado crescente até sofrer interrupções nas primeiras décadas do século XIX e retomada após 1840. Fábricas situadas no Porto e em Vila Nova de Gaia foram as primeiras de Portugal a desenhar padrões de azulejos, especificamente para fachadas de prédios, consolidando o fenômeno de utilização externa dos azulejos e não o tradicional uso interno. Pela sua difusão, os azulejos são um exemplo da influência cultural portuguesa no cotidiano brasileiro.
Na dissertação de Mestrado de Renata Barbosa Ferrari Curval “Azulejaria Portuguesa no Patrimônio Edificado do Sul do Brasil” (Pelotas: PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural, 2008), foram analisados os azulejos externos existentes nas cidades do Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Conforme a autora “com suas respectivas variantes estéticas o azulejo assume em Portugal uma abrangência de aplicação e de quantidade de produção que o leva à posição de destaque no universo artístico nacional. Sua condição de expressão artística é tida como um importante suporte cultural ao longo de mais de cinco séculos – sendo por isto, atualmente, considerado como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, onde se pode perceber a história e também o modo de pensar de cada período”.
Algumas conclusões foram obtidas em relação a azulejaria em Rio Grande (que não foge ao padrão de outras cidades e era colocado em sobrados), com o foco em dois prédios: o Sobrado dos Azulejos (construído entre 1862-64) e o Sobrado Anônimo da rua Benjamin Constant n.247-249 (construído na primeira metade do século 19). Foram encontrados apenas exemplares de um padrão azulejar, o Tulipa, que apresenta composição na diagonal e é um desenho desconhecido em outras regiões brasileiras. “Existem muitos azulejos com padrões iguais que apresentam alterações na tonalidade, na composição da diagonal ou na distribuição do desenho. Tal situação pode ser observada nos azulejos que compõem as fachadas dos prédios do Sobrado dos Azulejos e do Sobrado Anônimo, localizados na cidade de Rio Grande/RS. Em ambas as fachadas os azulejos utilizados apresentam o mesmo padrão azulejar, porém com pequena diferença nos traços do desenho, sobretudo nas tulipas. A justificativa para as alterações observadas no padrão dos azulejos está na diversificação de sua origem: os azulejos eram produzidos por diferentes fábricas, além da influência de tendências artísticas dos artífices ao longo dos séculos. Trabalha-se a hipótese do padrão Tulipa, encontrado na cidade do Rio Grande, ter sido executado a partir de uma encomenda especial e sua “forma” e desenho terem sido resguardadas na fábrica, por isso a excepcionalidade do padrão”.
Conforme Renata Curval “o mais antigo exemplar azulejado da cidade, o sobrado da Rua Benjamin Constant recebeu padrões de azulejos tulipa azuis claros, oriundos da cidade do Porto, do início do século XIX. O mesmo padrão, porém com variação de tonalidade (azul mais escuro) e disposição de assentamento é encontrado no único sobrado de azulejado em todas as fachadas do Rio Grande do Sul: O Sobrado dos Azulejos. Sua origem é a cidade do Porto e sua cronologia remete a meados do século XIX”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário