História e Historiografia do RS

domingo, 10 de maio de 2020

OS GATUNOS

Bisturi, 9 de março de 1890. Biblioteca Rio-Grandense. 
          A imprensa da cidade do Rio Grande muitas vezes utilizava uma linguagem irônica para criticar determinadas práticas ou delitos cometidos em sociedade. Através da ironia se descrevia o acontecimento e já se expunha as motivações de que porque as coisas não eram resolvidas. Num exemplo, o jornal faz a narrativa de um crime mas já antecipa que a falta de empenho ou interesse de alguns poderosos fará com que a investigação não avance. 
        A matéria acima é uma exaltação irônica a figura dos gatunos - e o Bisturi do dia 9 de março de 1890 está se referindo aos gatunos do baixo clero mas sempre deixa em aberto os gatunos do alto clero afinal "de todas as associações até hoje conhecidas é incontestável a dos gatunos que maior número conta de associados" e completa: "em toda parte ela tem seus representantes, a trabalharem ativamente em prol da nobre causa que abraçaram".   
    No caso em foco os "gatunos" exerceram suas habilidades numa cabana de pescadores erguida no Saco da Mangueira. Na ausência dos pescadores, todos os víveres e roupas foram roubados.  
      O texto termina com "que pena" que os esforços da polícia em pegar os gatunos não resultaram em nada. O "que pena" frente a outras perrengas do jornal em relação a polícia local já sugere uma falta de esforço deste efetivo e o uso do recurso da figura de linguagem "ironia". 

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