Jean Debret. Atividade em charqueada na década de 1920. Museu Castro Maia. |
A
constituição de um grupo mercantil no Rio Grande do Sul esteve relacionada aos
interesses de negociantes do Rio de Janeiro neste comércio e nas transações com
a Colônia do Sacramento. Segundo Helen Osório[1],
as vinculações econômicas e sociais dos negociantes da praça do Rio de Janeiro
com o espaço do Rio Grande de São Pedro remontam a 1737. As exportações de
charque, couro e trigo, através do Porto da Vila do Rio Grande tornaram-se
relevantes em nível de abastecimento interno da América Portuguesa a partir da
década de 1780. Excetuando-se os couros, cujo mercado central era a Europa, os
produtos oriundos do Rio Grande de São Pedro distribuíam-se pelas praças do Rio
de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Se o maior comprador de charque sulino foi à
Bahia, o principal parceiro comercial foi o Rio de Janeiro, pois para esta
cidade dirigia-se a maioria do trigo e produtos agrícolas, provindo do Porto do
Rio de Janeiro, dois terços dos escravos importados pela Capitania do Rio
Grande, além de produtos têxteis e manufaturas europeias. Os principais
negociantes do Rio Grande do Sul eram majoritariamente externos e foram
correspondentes ou momentaneamente sócios dos homens de grosso trato do Rio de Janeiro. Manuel José de Oliveira,
comerciante carioca radicado em Rio Grande possuía 135 escravos, mas continuava
a depender do sócio irmão radicado no Rio de Janeiro.
[1] OSÓRIO, Helen. Comerciantes do Rio Grande de São Pedro:
formação, recrutamento e negócios de um grupo mercantil da América Portuguesa
In: Revista Brasileira de História.
São Paulo: ANPUH, nº 39, 2000.
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