História e Historiografia do RS

domingo, 10 de novembro de 2019

O VÍRUS H1N1

Soldados americanos em 1918. Museu Nacional de Saúde e Medicina (EUA).


Vírus H1N1. CDC/EUA.

      O mortal vírus influenza de 1918 deixou descendência! (ver: Átila Iamarino. H1N1, mais de 90 anos entre nós. Departamento de Microbiologia – ICB/USP). O atual vírus H1N1 tem como primeiro registro confiável o vírus que provocou a gripe espanhola no ano de 1918 (também chamado de H1N1 e que causou entre 40 até 60 milhões de mortes). A estrutura do vírus de 1918 foi isolada de corpos preservados no gelo do Alaska e também em amostras de tecido em formol. Este vírus circulava em humanos desde 1907 e mesmo que a epidemia de gripe espanhola tenha se encerrado em 1919, o vírus não desapareceu. Ele se tornou a linhagem predominante em humanos e continuou circulando nos 38 anos seguintes, porém, como não causou a mortalidade anterior acabou trazendo a impressão de sua extinção.
No ano de 1957, o H1N1 (que sofreu modificações entre 1951-1954) voltou a causar alta mortalidade: 1,5 milhão de mortos. Ressurgiu na forma do H2N2 a Gripe Asiática, integrando ao seu material genético genes de um vírus aviário e conseguiu escapar a imunidade de milhões de hospedeiros humanos e tornou-se dominante nos 11 anos seguintes. O vírus influenza sofre nova modificação como H3N2 e provoca a Gripe de Hong Kong no ano de 1968 com quase 1 milhão de mortos. Em 1977, ocorre a pandemia da Gripe Russa, quando o H1N1 (de 1951) volta a circular tendo iniciado sua contaminação a partir de algum laboratório durante testes para uma vacina.
O atual vírus que está causando preocupação desde 2009 é o resultado do vírus H3N2 e de duas linhagens suínas de H1N1, sendo uma delas derivada do vírus suíno de 1918. O resultado é o novo vírus H1N1 que chegou a provocar um alerta de pandemia em 2009 (Organização Mundial de Saúde), com os primeiros casos no México, e que tem provocado no Brasil, neste ano de 2016, uma mortalidade representativa.
A gripe transmitida pelo novo H1N1 apresenta os sintomas de febre, dores de cabeça e no corpo, dor de garganta e tosse, sendo transmitida de pessoa para pessoa, através das secreções respiratórias. O organismo debilitado pode permitir que perigosos organismos patogênicos encontrem pouca resistência do sistema imunológico humano e provoquem pneumonia e síndrome aguda respiratória grave. Um medicamento que continua a ser usado para evitar o agravamento são os antivirais nas primeiras 48 horas do início dos sintomas.
Alguns hábitos são fundamentais para minimizar a transmissão: usar lenços descartáveis para cobrir boca e nariz (ao tossir e espirrar), lavar frequentemente as mãos (sabonete, sabão ou álcool gel) e evitar que após manter contato com objetos/pessoas se leve as mãos aos olhos, boca ou nariz. Evitar lugares não ventilados e que estejam lotados, também é uma defesa fundamental, apesar da dificuldade em sua implementação.
         A vacinação para a gripe H1N1 e mais duas cepas (inclusive o vírus de Hong Kong) tem início em 25 de abril e está inicialmente restrita a pessoas com 60 anos ou mais, crianças com mais de seis meses e menos de cinco anos, gestantes, mulheres até 45 dias depois do parto e pessoas com doenças crônicas (respiratórias, cardíacas, renais, além de obesos e diabéticos). 
Como a gripe se intensificou precocemente em 2016, apresentando mais de mil casos registrados no Brasil (porém a maioria não é computada) é preciso que a população fique em alerta para minimizar o avanço da difusão do vírus devido ao desconhecimento de sua transmissão.
*Matéria publicada no Jornal Agora no dia 26 de abril de 2016.

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