História e Historiografia do RS

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

NOVO IMPULSO NOS CALÇAMENTOS

Rua Marechal Floriano esquina Beco do Carmo por volta de 1870. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


Após as primeiras obras ocorridas entre 1857 e 1862 o grande impulso do calçamento ocorreu a partir de agosto de 1874 e ao longo de 1875. Foram calçadas as principais ruas da cidade: Riachuelo, desde Ewbank até 16 de julho; General Osório, desde os Andradas até a Misericórdia; Pedro II desde Barroso até o fim da mesma rua, junto ao Tivoly Velho; Príncipes, desde Imperatriz até a rua da Câmara Velha; Vinte de Fevereiro desde a praça Sete de Setembro a rua Marques de Caxias; Imperatriz até a rua Uruguaiana; Francisco Marques até Paissandu; Andrade Neves, até a praça 7 de setembro; Vileta até Uruguaiana; 16 de julho até Uruguaiana; Zalony até 20 de fevereiro; Andradas até Uruguaiana; Marques de Caxias até a dos Príncipes; Beco do Castro até a rua dos Príncipes; os dois Becos da Matriz até a praça da mesma Matriz; General Netto desde a rua General Osório até a praça da Matriz; Câmara Velha desde a rua General Osório até a dos Príncipes; Ewbank desde Riachuelo até a rua Pedro II. Foram feitos 81 cordões de pedra nas esquinas mais transitáveis “de sorte que desde o centro da cidade até a praça Marques do Herval, há trânsito enxuto a pé; carece-se ainda de alguns em lugares de menor trânsito. Monta em 57.500 metros quadrados o que se tem feito até hoje. O calçamento foi contratado em julho de 1874 a 4$800 a mão-de-obra por braça quadrada, inclusive o carreto da pedra. Em novembro de 1875, conseguiu-se contratar a 790 rs. o metro, havendo neste último contrato grande vantagem para os cofres da municipalidade”.
Este detalhado relatório de 1876, ressaltou da grande dificuldade por falta de pedra, tendo que se comprar um carregamento do Rio de Janeiro por até 7$000 rs a tonelada e posteriormente de Pelotas a 6$480. Fez ainda um contrato de pedra de São Lourenço a 5$950 e de Porto Alegre a 5$900 e 6$000 rs.”[1].
Os proprietários de imóveis auxiliaram a Câmara com seus donativos para o calçamento, entrando para os cofres da Municipalidade a quantia de Rs 10:498$000. “Dispendeu-se até hoje 105:308$132 sendo: empréstimo concedido pela lei 90:000$000; ágio das apólices 1:120$000; auxílio dos particulares 10:498$000; dos cofres da municipalidade 3:690$132; total de 105:308$123”.[2]
Nos relatórios foi possível constatar que: o deslocamento da areia, as inundações das ruas e a falta de nivelamento era a realidade do centro urbano da cidade do Rio Grande na década de 1850-60; a falta de material para o calçamento e o alto custo da aquisição, dificultou a compra de pedra frente aos escassos recursos municipais disponíveis; os proprietários de imóveis foram chamados a participar do custeio das obras; as pedras tiveram quatro procedências: São Lourenço do Sul, Rio de Janeiro, Pelotas e Porto Alegre; os esforços da Câmara para promover o calçamento das ruas foi sistemático entre 1855 e 1876; os trabalhos mais antigos de calçamento foram executados no período de 1857 a 1862 restringindo-se a poucas ruas: Rosário (atual Dr. Laureano), do Poço (na atual praça Sete de Setembro), da Alfândega (atual Andradas), Zalony, Francisco Marques, do Arsenal (atual Ewbank), do Carmo (atual Benjamin Constant); as grandes obras com mais de 57.000 metros quadrados foram executadas entre 1874 e 1875; a Câmara investiu parte dos escassos recursos da municipalidade o que não permitiu um andamento acentuado nas obras, não recebendo auxílio financeiro da Província.
     Somente ao recorrer a Assembleia Provincial para autorização de um empréstimo de 90 contos de réis é que as obras apresentaram um ritmo acelerado e o imaginário das areias, construído no relato de tantos viajantes, começou a ser modificado. 


[1] Relatório da Câmara Municipal da cidade do Rio Grande em sessão de 8 de janeiro de 1876.
[2] Relatório da Câmara Municipal da cidade do Rio Grande em sessão de 8 de janeiro de 1876.

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