Filibina e Francisco Chaves Barcelos na década de 1880 – fotógrafo J. Hallawell.Acervo: Fototeca Municipal Ricardo Giovannini. |
A menina Inah Emil Marthensem por volta 1899 - fotógrafo Ricardo Giovannini.Acervo: Fototeca Municipal Ricardo Giovannini. |
Quando o
francês Daguerre inventou o daguerriótipo, no ano de 1839, nascia a técnica e
arte da fotografia. O primeiro brasileiro a adquirir o instrumento fotográfico
foi o Imperador D. Pedro II, batendo as primeiras fotografias tiradas por um
brasileiro. O interesse da família imperial pela nova técnica motivou o gosto
do retrato nas famílias de maior poder aquisitivo. O retrato e a noção de
nobreza, levam a elaboração de álbuns de família que buscavam ostentar a riqueza
e a posição social dos fotografados. A fotografia assume o papel social de
veicular o prestígio de famílias abastadas que desejam fazer reconhecer o seu
status social.
Conforme
Mariana Muaze (Sem perder a pose. Revista
de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, janeiro de 2006), uma
das primeiras modalidades de retrato era a cartes-de-visite,
uma fotografia montada sobre um cartão rígido de cerca de 10 por 6,5 cm que tornaram-se
populares na década de 1860.
A moda era fazer os retratos circularem, através da
troca, entre membros de família ou amigos. Parentes, amigos e confrades
encomendavam fotografias e as dedicavam, no verso, a entes queridos. Isto
reforçava as reciprocidades familiares e os laços de amizade.
No
caso de famílias abastadas eram contratados fotógrafos e estúdios para
retratarem os familiares em álbuns ou fotografias para troca. Segundo Muaze,
freqüentar um ateliê de um renomado retratista, fazia parte de um conjunto de
códigos de comportamentos ditos civilizados,
com os quais a classe senhorial queria se ver reconhecida no intuito de
ostentar prosperidade econômica e prestígio social. Ao entrar no salão da pose,
o cliente deixava de lado todas as preocupações e se concentrava naquele
momento no qual tudo era pensado para produzir uma imagem condizente com seus
símbolos de classe. A pose, a expressão facial, o vestuário, o fundo, os
objetos e móveis que compunham o cenário – tudo era pensado para produzir uma
imagem condizente com os símbolos da classe com a qual o cliente gostaria de
ser identificado. Ao retratista cabiam as responsabilidades técnicas que
influenciavam diretamente no resultado da imagem: calcular o tempo da pose, o
enquadramento, o foco e outros atributos.
Mariana
Muaze conclui que quando se encomendava uma fotografia, havia a intenção, mesmo
que inconsciente, de mostrar-se. Porém, não se tratava de um ato de
despojamento e sim de invenção de si.
Travestidos de símbolos de sua classe, posando com atributos que evidenciavam
sua condição, procuravam deixar revelada no papel a imagem de como gostariam de
ser vistos. Uma busca pela imagem capaz de criar a representação ideal para
seus pares e também para ser lembrada no futuro, nos álbuns de família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário