História e Historiografia do RS

sexta-feira, 3 de maio de 2024

A PONTE HISTÓRICA EM RIO PARDO

 

Tenho um vínculo familiar com Rio Pardo. Parentes por parte paterna viveram e vivem nesta cidade. Entre 1986-1996 meus pais aí moraram  e muito frequentei e fiz leituras sobre a história local. Especialmente no livro Almanaque de Rio Pardo do historiador Dante de Laytano. Cheguei a ter interesse em ter feito o meu Mestrado sobre a História de Rio Pardo, mas na época, 1986, não havia organização dos documentos para realizar pesquisas no acervo. 

Retornando ao tempo presente, na onda de enchentes que atravessamos, assisti um vídeo que mostra a queda de uma antiga ponte em Rio Pardo no dia 29 de abril de 2024. 

Fazendo uma pesquisa na internet, encontrei algumas informações básicas para deixar este registro aqui no blog. Afinal, um pedaço da história foi engolido pelo Rio Pardinho. E era uma história de dois séculos. 

Inicialmente, este é o endereço do vídeo: https://youtu.be/oeS6vFzDZGk. 

Tendo o vídeo, fiz o congelamento de algumas imagens. Alguns trechos já deveriam ter caído e o trecho central cedeu para o lado e desapareceu tragado pelas águas em apenas 3 segundos:


 



Foram dez anos para construir (entre tratativas e obras entre 1813 a 1823) e somente alguns segundos para a natureza arrastar com sua impetuosidade. 

Para saber um pouco da história da ponte estou reproduzindo informações e imagens obtidas no blog  https://redescobrindoriopardo.blogspot.com/2016/ 

Lá estão postadas as seguintes fotografias: 


https://redescobrindoriopardo.blogspot.com/2016/

https://redescobrindoriopardo.blogspot.com/2016/

https://redescobrindoriopardo.blogspot.com/2016/

A imagem superior mostra o perfil da ponte com os seus pilares. Também podemos refletir sobre quantos metros de altura a água subiu para tocar e derrubar a estrutura superior. 

A fotografia central mostra a ponte antes de receber uma reforma em 2014. Há dois anos a ponte passou a ter problemas e foi fechada para a circulação de veículos e somente pessoas poderiam transitar. 

Quando a água baixar poderemos observar se os pilares resistiram a fúria das águas e se será possível/ou necessário reconstruí-la. 

Reproduzo abaixo dois documentos da Câmara Municipal de Rio Pardo datados de 18 de novembro de 1812 e de 13 de fevereiro de 1813, com tratativas para reconstrução da ponte. Ou seja, as negociações tiveram início no Período Colonial e foi inaugurada nos primórdios do Período Imperial em 1823. Os documentos esclarecem que já havia uma ponte no local que foi derrubada por inundações de inverno. A proposta da Câmara era de construir "pilastras de pedra, da maneira que venha a ser ... a sua duração, objeto este sem dúvida digno". Hipoteticamente, se forem as mesmas pilastras/colunas aventadas no documento, podemos dizer que possuem duzentos anos e foi um objeto "digno". Estou curioso em ver o que restou quando as água baixarem. A valentia destas colunas/pilastras merecem veneração...   

Reitero que a reprodução dos documentos é do blog: https://redescobrindoriopardo.blogspot.com/2016/

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
6 – PONTE DO RIO PARDO (2ª parte)
* REGISTRO DO OFÍCIO DESTA CÂMARA AO DESEMBARGO DO PAÇO, COMO ABAIXO SE DECLARA.
                Senhor. – A urgentíssima necessidade que há de reedificação da Ponte do rio Pardo, contíguo a esta Vila, e de que há muitos anos esteve este Povo na fruição dele até o tempo em que as inundações das águas a levaram em ocasião que se achava a maior parte dos habitantes deste lugar na Campanha e por cujo motivo a Junta da Real Fazenda desta Capitania por providência aos moradores e viandantes faz rematar aquele Passo faz com que pomos na Real presença de Vossa Alteza as súplicas e oferecimentos que se nos tem feito para o futura da mencionada Ponte tendo primeiramente dirigido os nossos primeiros passos a V.A.R. pela sua Real Junta desta Capitania como consta da cópia número um e pela mesma Real Junta nos foi deliberado o que teve da outra cópia número dois vindo por este modo a continuar os gemidos da pobreza e as faltas que experimenta o público desta dita Vila que borda o mencionado rio enquanto se não efetuam as ditas obras; por cujo motivo suplicamos a V.A.R. haja por bem conceder a licença que imploramos por ser um bem comum e passarem continuadamente as tropas de V.A.R. por aquele lugar ficando desde então sustada a arrematação daquele passo que pela referida Junta da Real Fazenda se fez. – Deus guarde a V.A.R. por muitos anos. – Rio Pardo em Câmara de 13 de fevereiro de 1813 = Manoel Pereira de Carvalho = José da Rosa Fraga = Manoel Veloso Rabelo = Francisco da Silva Bacelar =. E não se continha mais coisa alguma em dito ofício que aqui fielmente registrei do próprio e conferi eu Escrivão da Câmara – Leocádio Máximo de Souza.

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
Respostas aos quesitos formulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o fim do Serviço Nacional de Recenseamento.

Documento disponível (cópia carbono datilografada) no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo




quarta-feira, 10 de agosto de 2016

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO

5 – PONTE DO RIO PARDO (1ª parte)
               
  “Para melhor compreendermos a história da gloriosa Freguesia do Rio Pardo na guerra, e depois centro de organização de um povo, na paz, vamos transcrever na íntegra alguns dos últimos documentos encontrados no Livro Registro Geral da Câmara, e lançados no fim do ano de 1813 e primeiros dias de 1814.”

* "REGISTRO DE UM OFÍCIO DIRIGIDO A  JUNTA SOBRE A PONTE, COMO ABAIXO SE DECLARA.
                Senhor – Sendo o fabrico e reparo das Pontes um dos nossos imediatos deveres, e que muito nos é recomendado pela Ordenação do Livro primeiro Título sessenta e seis, parágrafo vinte e quatro, não podemos deixar de por na presença de V.A.R., a necessidade urgentíssima que há de restabelecer novamente a Ponte, que sempre houve sobre o rio Pardo, que borda recinto desta Vila; a qual se arruinou totalmente, se demoliu pelas impetuosas inundações do inverno, em tempo em que os Povos poderiam acudir ao reparo desta obra se achavam sobre as nossas fronteiras, ameaçadas pelos espanhóis vizinhos, por cujo motivo foi V.A.R. servido, como providência interina, mandar por uma arrematação o Passo do dito rio, a qual tem continuado até o presente, não com pouco detrimento do bem público e de cada um dos habitantes [...] e ulteriores do mesmo rio que tem tão [...] relações; cujas circunstâncias, sendo ponderadas logo na criação desta vila, exigiram do Corregedor da Comarca o Provimento que remetemos por cópia, em virtude do qual, e pelas reiteradas súplicas da maior parte destes povos, que a proporção das suas possibilidades se ofereciam voluntariamente a fornecerem a despesa para o fabrico da dita ponte sem intervenção nenhuma deste Conselho. Pomos portanto na presença de V.A.R. a precisão que há realmente desta obra confiados em que V.A.R. a precisão que há realmente desta obra confiados em que V.A.R. tomando na sua Real consideração a causa que tão justamente  nos move se digne anuir a ele permitindo que possamos sem perda de tempo dar princípio a reedificação da dita ponte, que nos propomos levantar sobre pilastras de pedra, da maneira que venha a ser ... a sua duração, objeto este sem dúvida digno a só capaz de facilitar o trânsito em geral que muito interessa toda esta Capitania ficando com a consumação desta grande obra cessando o motivo que houve para a arrematação do dito Passo. – Deus guarde a V.A.R. por muitos anos – Vila de Rio Pardo em Câmara de 18 de Novembro de 1812 – José Martins da Cruz – Antonio Gonçalves da Cunha – Antonio José Coelho Leal – Manoel Alves de Oliveira – Manoel Bento Ferreira da Gama e não se continha mais cousa alguma em dito ofício que aqui fielmente registrei do próprio e conferi eu escrivão da Câmara – Leocadio Máximo de Souza. -" 

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
Respostas aos quesitos formulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o fim do Serviço Nacional de Recenseamento.

Documento disponível (cópia carbono datilografada) no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo

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