História e Historiografia do RS

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

BYRON E BONO

 

Estátua de Byron e seu cão Boatswain no Hard Park London. Acervo: https://i.pinimg.com/originals/21/27/24/21272461cd9c0ffc4d71dce42fffdba4.jpg


Ao reler este belíssimo poema de Lorde Byron imaginei no lugar do cão Boatswain - o cão Bono. O poema é de 1808 e mais de dois séculos depois a alma canina não se modificou e continua a tocar a sensibilidade humana. 




EPITÁFIO PARA UM CÃO 

Perto daqui

Estão depositados os despojos daquele
Que possuía Beleza sem Vaidade,
Força sem Insolência,
Coragem sem Ferocidade,
E todas as virtudes do Homem sem seus Vícios.
Este elogio, que seria uma Adulação sem sentido
Se escrito fosse sobre Cinzas humanas,
É somente um justo tributo à Memória de
BOATSWAIN, um CÃO
Que nasceu em Newfoundland em maio de 1803,
E morreu em Newstead, em 18 de novembro de 1808.


Quando um orgulhoso Filho do Homem retorna à terra
Desconhecido pela Glória mas sustentado pelo Berço,
A arte do escultor exaure a pompa do infortúnio,
E urnas ornadas registram aquele que descansa abaixo:
Quando tudo está terminado, sobre a Tumba é visto
Não o que ele foi, mas o que deveria ter sido.
Mas o pobre Cão, na vida o mais fiel amigo,
O primeiro a dar boas vindas, na dianteira para defender,
Cujo coração honesto é do próprio Dono,
Que trabalha, luta, vive, respira somente por ele
Sem honra se vai, despercebido seu valor,
Negada no Paraíso a Alma que tinha na terra;
Enquanto o homem, fútil inseto! tem a esperança de ser perdoado,
E reivindica para si só exclusividade no Paraíso!
Oh, homem! frágil, breve inquilino
Rebaixado pela escravidão, ou corrompido pelo poder,
Quem te conheces bem, deve rejeitar-te com desgosto,
Massa degradada de poeira viva!
Teu amor é luxúria, tua amizade inteira ilusão
Tua língua hipocrisia, teu coração decepção.
Por natureza mau, dignificado apenas pelo nome,
Cada irmão selvagem pode fazer-te corar de vergonha.
Vós! que, por ventura, contemplais esta Urna simples
Ficais sabendo, não homenageia ninguém que desejais prantear,
Para marcar os despojos de um Amigo estas pedras se levantam;
Nunca conheci nenhum, exceto um único — e aqui ele descansa.

Newstead Abbey, 30 de novembro de 1808

Tradução Gisele reproduzido de: http://www.anton-tijolinho.com.br/poemas/boatswain/ 

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