História e Historiografia do RS

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

PORTO DO RIO GRANDE EM 1852

 

Hermann Wendroth, Porto Velho do Rio Grande em 1852. Acervo: Autor. 

Esta é uma das imagens mais utilizadas quando se quer mostrar a dinâmica do Porto do Rio Grande. 

No contexto histórico do comércio de exportação e importação, não é de estranhar que chamou a atenção de Wendroth os vários navios atracados no porto. A maioria são navios a vela, mas, os vapores também se fazem presente. 

Na aquarela reproduzida a seguir, se observa a Rua da Boa Vista (desde 1865 se chama Rua Riachuelo) sendo o cais construído com estrutura de madeira (estacadas), exigindo intervenções de manutenção frequentes. O espaço entre os prédios e o cais era muito menor do que o atual e não há armazéns para guardar os produtos. Isto era feito pelas próprias casas comerciais que os armazenavam ou ficavam estocados/apreendidos no prédio da Alfândega. Neste período, era o antigo prédio da Alfândega e não o atual que foi construído entre 1874-1879. O cais de concreto, ampliando a largura da Rua Riachuelo, foi construído entre 1872-1876. 

A Rua da Boa Vista (inicialmente chamada de Rua Nova das Flores) surgiu em meados da década de 1820 com o aterramento da margem da Lagoa dos Patos. Até então, a fachada do casario ficava de “costas” para o Porto e ficava de frente para a Rua da Praia (atual Rua Marechal Floriano). Portanto, este casario retratado por Wendroth tem no máximo 25 anos e a maioria não deve ter sido construído a mais de uma década. É um crescimento urbano muito intenso devido ao incremento do comércio naval em nível internacional, de cabotagem na costa brasileira e pela Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim. Prédios de dois, três e até quatro pisos são observados na aquarela. 

Para os comerciantes, ficar junto ao Porto era essencial para acompanhar e facilitar a movimentação de carga e descarga de mercadorias. Os sobrados, normalmente, tinham um mirante para observar o movimento portuário da Barra do Rio Grande. Desta forma poderiam se organizar com agilidade para os processos de liberação de carga junto a Alfândega e para a organizarem a mão-de-obra envolvida na movimentação das mercadorias e das matérias-primas.


O pintor alemão ressalta o trabalho realizado por escravos negros no porto. Ele mostra uma pequena embarcação com quatro remadores que está rebocando outra embarcação com dois remadores e barris e uma terceira embarcação que transporta apenas barris. De acordo com o calado do navio, era necessário ficar mais afastado do Porto ou ficar no Cais de São José do Norte que tinha um calado mais profundo. Utilizava-se catraias (embarcações de menor calado, mas, que conseguiam trazer um volume razoável de mercadorias) ou estes pequenos barcos. Situação sofrível para os remadores para cruzarem às águas agitadas e os quase seis quilômetros de largura da Lagoa dos Patos entre Rio Grande e São José do Norte. No cais se observa pessoas caminhando e negros descarregando barris de uma pequena embarcação.

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