À SOMBRA DAS ÁRVORES SECULARES

Bonpland. 

         Certa feita um dos maiores naturalistas que visitaram as Américas, Aimé Bonplant, foi questionado do motivo que se radicou entre São Borja e Santa Ana (Província de Corrientes-Argentina), não retornando, com sua imensa fama e amizade por Humbold, a viver em meio aos cientistas e a aristocracia europeia. Ele respondeu: 

     “Habituado a viver ao ar livre, à sombra das árvores seculares, a escutar o canto dos pássaros que suspendem seus ninhos acima de minha cabeça, a olhar correr as águas puras de um riacho; em lugar de todas essas maravilhas, que poderia eu encontrar no bairro mais aristocrático e brilhante de Paris? Encerrado em meu escritório, estaria obrigado a trabalhar dia e noite por conta de um livreiro, tendo por toda a compensação o prazer de ver se abrir de tempo em tempo uma frágil rosa em minha janela. Perderia o que mais quero, minha sociedade de predileção, minhas plantas, que fazem minha alegria e minha vida. Não, não, é aqui onde devo viver e morrer”.

In: BRUNEL, A. Biographie d’Aimé Bonpland, compagnon de voyage et collaborateur d’Al. de Humboldt. Paris: L. Guérin & Cie.; London: Trubner & Co.; Montevideo: Lastaria y Cia., 1871. 3ª ed. p. 101.

      *Bonpland morreu em precárias condições materiais em Santa Ana no ano de 1858.