História e Historiografia do RS

domingo, 3 de maio de 2020

PEDRO ALCATRÃO

Bisturi, 25 de maio de 1890. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

      A coluna de necrologia do jornal Bisturi do dia 25 de maio de 1890 traz algumas informações sobre dois falecimentos ocorridos em Rio Grande nesta terceira semana de mês de maio. 

    Um dos falecidos é do círculo social mais elitizado Affonso Faveret, guarda-livros da Companhia Hidráulica, que deixou a esposa e sete filhos. Porém, o Bisturi informa que "morreu paupérrimo" e deixou os familiares "em luta com as árduas contingencias da vida". 

   O outro é um personagem do cotidiano da cidade, possivelmente um mendigo, "Pedro Alcatrão" citado carinhosamente como o "maior andarilho desta cidade com seu inseparável chapéu de sol, forrado de verde, sempre pilhérico, inseparável do seu bom humor (...) era um perfeito cavalheiro ". 

   Quando o necrológico de um jornal traz algumas informações, mesmo que de cunho pessoal e de exaltação, começamos a traçar um pouco do perfil dos falecidos e sua inserção em determinado grupo que está construindo a sua visão daquela pessoa. 

     Um estudo ampliado temporalmente, com centenas de descrições necrológicas permite traçar algumas observações sobre o perfil social e humano esperado para um homem e uma mulher no final do século XIX. As exaltações buscam estabelecer representações do masculino e do feminino que reverenciam a sua trajetória de vida, difundindo modelos de comportamento a ser seguido. Outras vezes, certos silêncios na página de necrologia, com informações mínimas e distanciamento do personagem, pode trazer informações indiretas sobre atuação social e política não merecedora de exaltação. 

     Esta é mais uma linha de pesquisa relevante para nossos jovens estudantes de História.    

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