GRIPE ESPANHOLA - A MUTAÇÃO ADAPTATIVA

Vírus da Gripe Espanhola reconstituído em laboratório. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ee/Reconstructed_Spanish_Flu_Virus.jpg/1024px-Reconstructed_Spanish_Flu_Virus.jpg

     Mas porque muitas pessoas morriam? 

    A gripe é uma infecção das vias respiratórias superiores causada pelo vírus influenza. O vírus penetra no organismo, principalmente através das mucosas, pele que serve de revestimento para o nariz, a boca e os olhos. Pela mucosa do nariz, o influenza atinge a corrente sanguínea. A passagem do vírus pela mucosa nasal aumenta a produção de secreção e provoca o primeiro sintoma da gripe: a coriza. Na corrente sanguínea, os vírus atacam as células. 

    O vírus, quando penetra na célula, libera o RNA, que é transformado em DNA graças à ação de uma enzima, a transcriptase reversa. Quando o RNA se transforma em DNA, a célula é enganada, pois não interpreta o vírus como corpo estranho. O DNA do vírus se funde com o da célula, impedindo assim seu funcionamento normal e obrigando-a a produzir cópias do vírus. As cepas dos vírus Influenza A são classificadas de acordo com duas proteínas presentes em sua superfície externa: a hemaglutinina e a neuraminidase. A hemaglutinina, ou HA, é responsável pela entrada do vírus nas células, onde ele se replicará. A neuraminidase, ou NA, é responsável pela liberação de novas cópias dos vírus pelas células infectadas. O surgimento de uma pandemia depende do subtipo HA, pois ele determina a suscetibilidade da população. Dois mecanismos podem dar origem a um vírus pandêmico: a recombinação e a mutação adaptativa. A recombinação ocorre quando dois vírus diferentes infectam a mesma célula e trocam material genético. 

    Se o novo vírus resultante desta permuta genética for capaz de infectar humanos, causar doença grave e for transmitido de uma pessoa para outra, estamos diante de uma pandemia. (...) Um segundo mecanismo pelo qual uma pandemia pode eclodir é a mutação adaptativa, que consiste em mudanças graduais do vírus, que ocorrem durante infecções sucessivas de humanos ou outros mamíferos por meio das quais um vírus aviário melhora gradualmente sua transmissibilidade entre humanos. A mutação adaptativa foi o processo responsável pelo surgimento do vírus causador da pandemia de 1918, o H1N1 (DIÁLOGO MÉDICO, 2006, p. 8-10).