Planta da Província do Rio Grande publicada no livro de Nicolau Dreys. |
Como observou Auguste de
Saint-Hilaire[1] em 1820,
“a Vila do Rio Grande era centro de considerável comércio de carne seca, de couros, sebo e
trigo. Negociantes ricos os há em quantidade; o mobiliário das casas e a
aparência dos homens demonstram em geral a abastança deste grupo comercial”. Nicolau
Dreys, comerciante que viveu na cidade na década de 1820, descreveu com
sensibilidade o difícil enfrentamento com as condições naturais adversas para a
constituição de uma civilização. No relacionamento entre a areia hostil e a
constituição da urbanidade, assim se expressou:
“No meio das areias estéreis que a circundam e invadem continuamente,
ela se apresenta como uma criação excepcional da política e do comércio:
indiferente e como estrangeira ao território que ocupa, não deve nada senão ao
caráter ativo, industrioso e empreendedor dos habitantes. Ali, o homem pode
mais que a natureza; onde achou impotência e miséria ele fez nascer prosperidade;
pois, a cidade de S. Pedro, com suas casas suntuosas, seus ricos armazéns, seus
cais regulares e seu porto retificado pode agora concorrer com as mais notáveis
cidades da América do Sul”.[2]
Segundo Nicolas Dreys,
Rio Grande é um exemplo de vitória sobre a natureza hostil, pois se de um lado
o meio impôs dificuldades para uma colonização, a ação humana através de um
caráter ativo, industrioso e empreendedor superou estas limitações para o
desenvolvimento. Em meio às areias estéreis e hostis, Dreys viu surgir, em sua
interpretação, uma criação excepcional da política e do comércio.
[2] DREYS, Nicolau. Notícia
descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul. Porto Alegre: IEL, 1961.
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