Em 1930, a
população de Rio Grande era de 49.544 habitantes. Atualmente, entre habitantes
(para o IBGE quase 200.000) e trabalhadores que não declaram residência ou
visitantes, devemos estar próximos aos 240.000. As informações a seguir
correspondem à dinâmica econômica e social de uma realidade que recua a mais de
7 décadas no passado. A população era cerca de 5 vezes menor do que hoje. A
fonte dos dados é o famoso Almanaque Laemmert, publicado no Rio de Janeiro,
edição para o ano de 1930.
Curiosidades:
o comando do Exército estava instalado na Rua General Telles (hoje Largo
Engenheiro João Fernandes Moreira esquina General Osório (prédio do Quartel
General e que hoje faz parte da administração da Prefeitura Municipal). Não se
chamava 6° GAC e sim 6a Brigada de Infantaria e o comandante era um General de
Brigada. A Junta de Serviço Militar funcionava no Quartel General da 6a Brigada
de Infantaria.
O Correio se
localizava na Praça General João Telles (atual Xavier Ferreira) e havia 167
assinantes de caixas postais.
A Caixa Econômica Federal, a Estação Rio
Grande do Telégrafo e o Tiro de Guerra funcionavam no prédio da Alfândega. Este,
que é o primeiro Tiro de Guerra do Brasil, tinha sua Linha de Tiro na Rua
Rheingantz.
A Mesa de
Rendas ficava na rua Marechal Floriano (originalmente a moradia do Barão de São
José do Norte).
A Biblioteca
Rio-grandense tinha uma freqüência de 1.000 leitores por mês. Das 19 às 21h,
funcionava, gratuitamente, cursos noturnos de instrução primária contando com
cinco professores. A Biblioteca possuía 50.000 volumes e ficava aberta das 10 às
19h.
O Ginásio Municipal Lemos Junior era dirigido
por um reitor. As duas classes de professores eram os catedráticos e os
docentes. Outros cargos eram os de Inspetor Federal, Inspetor médico, Instrutor
militar, Instrutor de ginástica, Instrutor do ginásio e dentista.
A Direção
Geral do Porto e da Barra do Rio Grande ficava na rua Marechal Floriano 215.
Havia quatro
paróquias: S. Pedro do Rio Grande; N.S. do Monte do Carmo; N.S. das
Necessidades do Povo Novo; N.S. da Conceição do Taim. As lojas maçônicas eram a Acácia
Rio-grandense; Estrela do Sul; Henrique Valadares; Filantropia; União
Constante.
Algumas
associações que eram atuantes hoje não mais existem, estão inoperantes ou
receberam outra razão social: Associação dos Mestres Práticos; Associação
Beneficente dos Guardas da Alfândega; Associação dos Empregados no Comércio;
Centro Republicano do Rio Grande; Circolo Italiano; Clube Saca- Rolhas; Clube
Caixeral; Clube Gaspar Martins; Clube Germânia; Clube Recreio Operário;
Congresso Português; Sociedade das Classes Laboriosas; Sociedade Italiana Mutua
Cooperazione; Beneficência Portuguesa; Sociedade Rio-grandense de Estradas de
Rodagem; Sociedade União dos Trabalhadores da Estiva; Tiro de Guerra n.1.
A vida
esportiva era muito intensa e além dos clubes que até hoje sobrevivem, vários
outros buscaram ocupar um espaço: Associação Esportiva de Amadores; Associação
Rio-grandense de Desportos; Associação Rio-grandense de Atletismo; Club de
Regatas Rio Grande; Grêmio Náutico Almirante Barroso; Sport Club São Paulo;
Sport Club Rio Grande; Foot-Ball Club Rio Grandense; Foot-Ball Club Padeiral;
Foot-Ball Club General Osório; Sport Club União Fabril; Loréa, Miranda &
Fernandes Foot-Ball Club; Grêmio Esportivo D. Pedro II; Sport Club
Internacional.
O Corpo
Consular estabelecido em Rio Grande era amplo. Consul, vice-consul ou
chanceleres, eram os representantes de vários países: Argentina, Alemanha, Chile, Dinamarca, Estados
Unidos, França, Bélgica, Espanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal,
Uruguai e Inglaterra.
Atuavam na
cidade 9 açougues, 17 advogados, 4 agentes de água mineral, 11 alfaiatarias, uma
fábrica de alpargatas, duas de aniagens
(União Fabril e Ítalo-brasileira), 3 armadores funerários, 6 lojas de artigos
para homens, 3 armazéns navais, 6 confeitarias, 8 fábricas de conservas, 6
lojas de coroas fúnebres, 2 correarias, 2 curtumes, 11 dentistas, 3 drogarias de
manipulação (Unicum, Faral e Drogaria Inglesa), 18 farmácias, 6 oficinas de encadernação, 14 engenheiros
civil, 4 estaleiros, 3 asilos, 2
hospitais, 20 loja de fazendas, 12 ferragens, 5 ferrarias, 1 fábrica de fogões,
duas fundições, uma fábrica de gasosa (Schimitt), 11 hotéis, 27 importadores e
exportadores, 6 jornais, 3 leiterias, uma fábrica de licores, uma loja de
máquina de costura, 5 lojas de máquina de escrever, duas fábricas de massas, duas2
modistas, 12 fábricas de móveis, 23 médicos, 10 padarias, 6 parteiras, 3
exportadores de peixe seco e salgado, uma fábrica de pregos, 21 restaurantes e casas de pasto, 3 fábricas de
sabão e velas, 10 sapatarias, 47 secos e molhados, 4 teatros e cinemas, 2
tradutores juramentados e 10 exportadores de charque.
Observando a
diversidade de atuação do segmento comercial, industrial e do proletariado em
geral, e considerando que várias associações não foram citadas, a impressão é que
a ‘cidade encolheu’ em representatividade e atuação esportiva e cultural. Salta aos olhos o número de clubes sociais e
esportivos, de representação diplomática, de teatro e cinema, de associações
várias, do número de associados e freqüência a Biblioteca Rio-grandense etc. Ou
será somente impressão? Ou será que as formas de sociabilidade no país tiveram
grande modificação desde 1930?
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