História e Historiografia do RS

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O ENSINO E O INSUSTENTÁVEL DERRETIMENTO DO SER

A insustentável leveza da educação é palpável nas avaliações! Ela transita entre o zero e o dez e é um elemento químico de fluidez cultural. Supostamente, quanto mais aulas mais qualidade, isto é óbvio! Será? No tempo em que os dias letivos correspondiam a 180 anuais os resultados na educação eram piores? Ano após ano, após a fixação dos 200 dias, se percebe as avaliações dos educandos rolando pela ribanceira. Inúmeras variáveis estão ligadas a esta decadência, mas uma certeza tenho: mais horas não significam mais aprendizado!  Quantidade não é qualidade!
Quando Darcy Ribeiro propôs uma série de mudanças na prática educativa e na ampliação da carga horária ele, como profundo conhecedor do Brasil, deveria saber que acionaria o botão do céu e do inferno. Diria mais do “inferno”, pois decretar com um porrete uma normativa é diferente de se criar condições “objetivas” para os educadores “salutarmente” se ajustarem a nova realidade: as velhas mazelas que aterrorizam os professores (no Ensino Fundamental e Médio) persistiu: de fato mais stress de uma sociedade violenta que é reproduzida na sala de aula; mais horas letivas e falta de tempo para preparar os conteúdos e realizar novas leituras; salários incompatíveis com as responsabilidades de construir uma nação alfabetizada e com potencial para promover a qualificação todos os setores da sociedade brasileira!
Lá vieram os 200 dias e goela abaixo foram ficando! Do Ensino Fundamental ao Superior restou baldes de transpiração e asfixia nos cubículos ferventes das salas de aula. Vinte dias a mais de desidratação, de pele encharcada pelo suor, mas tudo vale a pena pelos resultados: a produtividade acima de 30 até 40 graus de um mês de fevereiro é certamente compensadora! Será?
A reflexão desta coluna se desenvolveu no calor marcante que tem caracterizado este mês de fevereiro em Rio Grande e na maioria do Brasil. Historicamente, sempre se levava um “casaco leve” para enfrentar a noite no Cassino e agora a temperatura não reduz nem à noite! Professores me comentam que no Ensino Fundamental e Médio os alunos pingam sob as classes e se concentram ainda menos do que o comum. O ar fica rarefeito e as paredes estão quentes, fazendo com que a “sopa de letrinha” tremule pelo ar e cozinhe no caldeirão que a sala de aula se transformou. O pedido para tomar água é constante ocorrendo um entra e sai improdutivo.
Tudo bem, o tradicional mês de retorno as aulas era março que também é quente. Porém, a partir do dia 13 de fevereiro dar início a uma caminhada - ao lado do poeta Virgílio - até as profundezas escaldantes do inferno de Dante Alighieri parece demais...  
Em tempos de aquecimento global (não estou afirmando que é antrópico, apenas constatando os dados climáticos de aumento da temperatura) precisaremos repensar estas práticas educacionais que se transformam apenas em tortura de professores e alunos sem um aproveitamento racional das capacidades cognitivas de ambos.
Outra questão já de grande impacto econômico e de geração de emprego é a decretação do fim do veraneio antes da metade de fevereiro. Quantos postos de emprego temporário tem sido encerrados em todo o Brasil com 15 dias de antecedência? Qual o impacto financeiro da redução do consumo de serviços que vão da alimentação até a hotelaria? Há, o carnaval vai restabelecer parte das perdas financeiras. Esqueci deste detalhe...
Talvez também tenha esquecido que as salas de aula são dotadas de ar condicionado ou no pior dos casos de ventiladores de teto. Na FURG estes ventiladores emitem tal som estridente que os bombardeios Messerschimtt e Thunderbolt na II Guerra Mundial, mais parecem canções de ninar...
E para piorar: se for implementada a mudança de carga horária de 800 para 1.400 horas anuais teremos jornada dupla de fevereiro a dezembro! Se a pressão arterial não despencar pela manhã terá esta possibilidade na parte da tarde... Desmaio, mal estar, desidratação, diarréias...

Senhores responsáveis pelo futuro da educação brasileira: por favor, ressuscitem os 180 dias letivos, pois a perspectiva real que se avizinha já no próximo ano é de MUITO CALOR!

Nenhum comentário:

Postar um comentário