História e Historiografia do RS

quinta-feira, 13 de julho de 2017

EMBARCAÇÕES NA BARRA DO RIO GRANDE

O artigo do historiador Hugo Alberto Pereira Neves “A insegurança e os naufrágios na Barra do Rio Grande (1822-1889)” In: Alves, Francisco das Neves. Náufragos e naufrágios no litoral do Rio Grande. Rio Grande: FURG, 2001, elucida que neste período do século 19, ocorreram oitenta e quatro navios naufrágios na Barra do Rio Grande e especifica o tipo de embarcação que por aqui navegava. O autor constata que predominavam brigues, patachos e escunas, fazendo uma breve descrição destas embarcações que navegavam no Oceano Atlântico e na Lagoa dos Patos.
              Bergantim: sua denominação vem possivelmente do francês, bergatin, é um navio de dois mastros, como o brigue, isto é, do traquete avante e o grande à ré, ambos idênticos ao mastro típico da galera. É um navio de duas gáveas. Trata-se, porém, de uma pequena embarcação, baixa de bordo, aparelhada como o brigue, e tendo uma só coberta. Suas dimensões, em geral, são as mesmas da sumaca, bem como a sua tonelagem, a não ser no caso do bergantim de guerra, que, no século XIX, na sua primeira metade, apresentava tonelagens variando entre 430 e 730 toneladas.
              Cutre: do inglês cutter, é navio de um único mastro, idêntico ao mastro típico da barca, o qual justamente não leva curvatões, nem cesta de gávea, colocado um pouco avante do meio do navio, e denominado mastro grande, ou simplesmente mastro. O seu comprimento é de cerca de 50 metros, a boca máxima vai até 12 metros, e a guincha até 45 metros. É também embarcação de baixa tonelagem, e não supera aquela das sumacas.
              Escuna: a denominação procede do holandês schooner, é navio de dois mastros, do traquete avante e grande à ré, sendo que apresenta como característica especial o mastaréu do joanete de proa. É navio de uma só gávea. Há, entretanto, escunas onde o mastro grande é idêntico ao mastro do traquete, são as escunas de duas gáveas. Suas dimensões e tonelagem, em geral, correspondem às da sumaca e dos bergantins.
              Iate: também do inglês yacht, é um navio de dois mastros, do traquete avante e grande a ré, ambos idênticos ao mastro típico da barca, aliás, mais propriamente com o seu terceiro mastro que não cruza vergas e que só tem um mastaréu. Suas dimensões correspondem as da sumaca, bem como a sua tonelagem.
              Lancha: a denominação vem provavelmente do castelhano lancha, é a embarcação de maior porte entre as chamadas embarcações “miúdas”. Sua construção é mais resistente e o casco reforçado, a fim de suportar trabalhos de peso. É maior do que um bote, embora seja do mesmo feitio. Serve para transportar cargas, para a navegação costeira e ainda para a pesca.
              Patacho: a denominação procede do castelhano patacho, é um navio mercante de dois mastros, do traquete avante e grande à ré. É navio de uma só gávea e suas dimensões e tonelagem correspondem àquelas da sumaca.
              Polaca: a denominação vem do holandês polaak, é também um navio de dois mastros, do traquete avante e grande à ré, ambos de galera, com a variante de possuírem os mastros reais mochos com os mastaréus de gáveas. Assim, os mastros de uma polaca são idênticos ao mastro do traquete da sumaca. É navio de duas gáveas, havendo, porém polacas de três mastros, quando neste caso apresentam três gáveas. Suas dimensões e tonelagem correspondem em geral às da sumaca, a não ser no caso da polaca de três mastros quando o sue comprimento  corresponde aquele da galera.
              Sumaca: a palavra parece derivar do holandês schmake, constituía embarcação costeira, ligeira e comercial do Brasil, predominando no tráfico do porto de Paranaguá, entrando ou saindo do mesmo. É um navio de dois mastros, do traquete avante e grande ré, cuja principal característica reside no fato do mastro real ser mocho com o mastaréu do velacho. Ela se caracteriza ainda por ser um navio de uma só gávea. Seu comprimento varia de 50 a 70 metros, enquanto que a boca máxima, ou seja, a largura da embarcação é de 12 metros. A guinda, isto é, a altura do mastro desde a linha de flutuação, varia de 45 a 53 metros. Sua tonelagem é variável, mas em geral, não ultrapassa a 300 toneladas.
              As definições a seguir foram tiradas do Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de Caldas Aulete:
              Barca: vem do latim, barca, embarcação pequena, destinada a carga e a transporte.
              Brigue: vem do inglês, brig, embarcação de guerra ou mercante de dois mastros, dos quais o maior é inclinado para trás.
              Catraia: bote pequeno, mareado por um só homem (pode ser movido à vela ou a remos).
              Lugre: a denominação vem do inglês e dinamarquês lugger, navio mercante armado com três mastros reais de iate (lugre-iate) ou com dois de iate e um de escuna (lugre-escuna), ou com dois de iate e um de patacho (lugre-patacho) ou com os mastros grandes e de proa iguais aos de uma escuna (lugre-barca). O mastro da mezena é o único igual em todos os quatro sistemas de mastreação.
              Palhabote: vem do inglês, pilot-boat, barco de dois mastros muito juntos, com armação latina, sendo a vela da ré muito maior que a do traquete, e com gaff tops nos mastaréus.



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