O “Relógio do Apocalipse” ou também
denominado de “Relógio do Juízo Final” (Doomsday Clock) foi criado em 1947 e mantido pelo comitê de diretores do Bulletin of the
Atomic cientists da Universidade de Chicago. A aproximação dos
ponteiros da meia-noite são um alerta para a destruição da espécie humana com a
eclosão de uma guerra nuclear. O relógio é uma metáfora ao fim dos tempos. A
idealização partiu de cientistas que ajudaram a desenvolver as primeiras armas
atômicas ligadas ao projeto Manhattan, inclusive Albert Einstein. Atualmente, o
Boletim de Cientistas Atômicos é composto por físicos e cientistas ambientais
de vários países além do Conselho de Patrocinadores, do qual fazem parte 15
detentores de prêmios Nobel.
O relógio é atualizado periodicamente e teve início
durante a Guerra Fria em 1947, com o ponteiro fixado em 7 minutos para a
meia-noite. Os acontecimentos mundiais que poderiam desencadear um conflito
nuclear aproximaram o relógio do apocalipse no planeta e momentos de menor
tensão distanciaram os ponteiros.
Em 1953, no contexto de testes com dispositos
termonucleares desenvolvidos pelos Estados Unidos e pela
União Soviética o relógio, foi ajustado a 2
minutos para a meia-noite, menor marca já registrada! A segunda menor marca
está sendo registrada agora: no dia 26 de janeiro de 2017 o relógio foi
ajustado para 2,5 minutos do apocalipse! Podemos pensar que isto é um exagero e
em parte pode ser assim analisado pois “é melhor prevenir do que remediar” e
“até exagerar do que minimizar”. Mas qual é o cenário conjuntural que levou a
isto?
Certamento o foco está na maior nação do planeta,
onde o nacionalismo está em alta e as afirmações do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, lembram a volta de uma política
republicana do “big stick” (grande porrete). Os comentários de Trump a respeito
de armas nucleares e uma possível renovação da corrida armamentista entre os
EUA e a Rússia, além do enigma da relação com a Coréia do Norte e com a China,
são fatores de tensão mundial. No ar está pairando uma descrença nas
perspectivas em barrar o aquecimento global com medidas políticas de restrição
nas emissões industriais de CO2. O temor de cientistas como o físico Stephen
Hawking, é de que o aquecimento global terá um poder mais destruidor do que um
conflito nuclear, levando a guerras locais e internacionais pelo controle dos
recursos que irão escassear num planeta que insanamente avança para 10 bilhões
de habitantes até 2050. Uma visita a série Jerichó (canal CBS/2008) é uma
interessante aproximação dos conflitos que podem surgir quando a
disponibilidade de alimentação/água e energia se torna insuficiente para manter
as necessidades das comunidades e nova cartografia do poder é elaborada.
Certamente,
é um novo contexto histórico que está surgindo num cenário persistente de
guerra ao terror e de expansão de ações fundamentalistas na Europa, a qual
começa a sentir a fragmentação da Zona do Euro com a saída da Inglaterra e com
movimento neste sentido de setores franceses. Num período de interligações
econômicas que globalizaram relações planetárias, o mundo continuará a assistir
ao jogo de forças entre a expansão industrial chinesa (promovedora do gradual
sucateamento do proletariado internacional) e a xenofobia oficial que poderá
convulsionar os EUA que é um país fortemente marcado pela soma de migrantes de
todo o planeta. Certamente, o jogo de forças entre EUA, Rússia e China, levará
a concessões estratégicas que impeçam que os ponteiros cheguem à meia-noite num
conflito militar de grandes dimensões. O cenário mais preocupante é que barrar
a corrida industrial e de ampliação do consumo não interessa a estas grandes
potências! Continuaremos a assistir com um grande ponto de interrogação até
quando persistirá o equilíbrio climático e quanto o sistema já está
comprometido; se as mudanças se arrastarão por décadas ou se o caos poderá se
instalar num período curto. No melhor cenário, o clima da Terra sofrerá
modificações mínimas. No pior cenário, Jerichó se tornará realidade!
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