Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

BICENTENÁRIO DA HISTORIOGRAFIA DO RIO GRANDE DO SUL


Retrato de José Feliciano Fernandes Pinheiro. Museu Paulista da USP. 

      Neste ano de 2019 estamos completando os duzentos anos de publicação do primeiro livro de História do Rio Grande do Sul! 

    José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de São Leopoldo, foi o autor do primeiro trabalho de pesquisa histórica no Rio Grande do Sul, persistindo ao longo do tempo como uma obra de referência para o estudo da história rio-grandense. O livro que lhe deu renome foi Anais da Capitania de São Pedro, publicado o primeiro volume em 1819 e o segundo em 1822. A segunda edição do livro foi revisada pelo autor e editada em Paris em 1839 e chamou-se Anais da Província de São Pedro. Seu autor foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838. 
       Escrito na transição da Colônia para o Império no Brasil, o livro encontrou sua difusão no período imperial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
   Na apresentação à quinta edição, Décio Freitas considerou os Anais como o nascimento da historiografia sul-rio-grandense pois Pinheiro se apresentava como um historiador na cabal acepção do termo, investigando, selecionando e interpretando documentos. Dessa forma, o autor dos Anais merece sem favor o título de “pai da historiografia gaúcha”.[1] Décio Freitas acreditou que o comprometimento com uma visão de mundo ligada aos objetivos da monarquia estavam relacionados com o lugar social que José Feliciano Pinheiro ocupou nos quadros do colonialismo português e posteriormente no Império brasileiro. Foi juiz, auditor, membro do Conselho Imperial, Ministro do Império, Senador, Presidente da Província de São Pedro. Esse lugar social é o elemento referencial que compromete a insistente argumentação do autor em garantir a imparcialidade histórica de seus escritos.
        José Feliciano Pinheiro escreveu o seu Anais quando os conflitos com o Prata persistiam com a intervenção do Brasil na Cisplatina. Esses fatores de ordem política e militar muito influenciaram a análise da formação histórica rio-grandense, levando-o a realizar uma história da conquista lusitana. 
    Pinheiro utilizou uma narrativa fatual fundamentada em datas e acontecimentos que assinalavam a conquista portuguesa do Rio Grande do Sul e temas correlatos. O uso de documentos, da bibliografia circulante sobre a Europa, o Brasil e as colônias espanholas nos séculos XVIII e XIX, eram discutidos ao longo dos pés-de-página esboçando críticas a fontes jesuíticas. 
     Com esse livro, teve início os estudos do povoamento luso-brasileiro do Rio Grande do Sul, onde os fatos políticos são preferenciais e devem ser embasados em documentos oficiais. 
        O Rio Grande do Sul possui uma das mais longevas historiografias do Brasil! O seu bicentenário deveria ser uma data a ser difundida e a sua produção historiográfica deveria ser discutida em eventos no espaço acadêmico e na sociedade.  

[1] FREITAS, Décio (apresentação). In: PINHEIRO, José Feliciano Fernandes. Anais da Província de São Pedro. 5.ed., Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982, p. x. 

Edição de 1946. 


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